Mais um post sobre assuntos "guitarrísticos"... bem, este blog não fala só de guitarra, mas eu sou uma guitarrista, é a minha profissão, e paixão, então é isto, sempre vou falar de música e guitarra por aqui também, tá bom? =)
Este pedal da foto é igual ao meu primeiro pedal de drive/distorção. E ele era um MXR, tá bom? E agora, eu voltei aos MXR. Tem fatos curiosos sobre este pedal, vamos ver, tá bom?
Bem, quando eu era pequena e comecei a tocar, não havia internet, não havia informação, não havia acesso a bons equipamentos aqui no Brasil, e o pouco que havia no mercado brasileiro era extremamente caro.
Em termos de efeitos para guitarra, o Brasil ainda estava na fase do pioneirismo de pessoas que se arriscavam a fazer algo sendo que naquela época só havia mídia impressa (revistas, livros, jornais) e mesmo assim até mesmo fotos de equipamentos tão específicos assim eram raras, o que dizer então de especificações técnicas... e isto não faz tanto tempo assim, foi na década de 80, tá bom?
Então eu tive uma série de pedais de distorção que eram beem rudimentares e simples. O primeiro pedal que eu tive, foi um menino que estudava na mesma escola que eu quem fez, ele estudava coisas como eletrônica e fez um pedal para mim, ele era extremamente simples e frágil. Depois uma loja de instrumentos musicais começou a vender pedais de efeitos feitos de forma caseira, eu fui lá e comprei, e eu tive outros destes, até que um dia o meu pai me deu este de presente.
Era um MXR!! Eu fui na loja com ele e eu sonhava com Boss, mas eu toquei com vários pedais e este era o que tinha o melhor timbre, pelo menos na época me pareceu ser o que tinha a ditorção mais pesada, eu não sabia nada de timbre, eu só queria que a minha guitarra soasse pesadona, e distorcida, só isto.
Eu também não sabia nada de MXR, de "true bypass", da diferença entre um overdrive e um distortion, ou de saturar as válvulas de um ampli, mas eu gostei do som deste pedalzinho, e eu o tive por muitos e muitos anos, até que um dia eu vendi os meus pedais e passei a usar um rack Roland, mas esta é outra história.
Este era um MXR Overdrive Commande Series, uma série lançada apenas nos anos 80, que diferia da tradição da MXR porque a sua caixinha era de plástico, os knobs também eram de plástico, e isto tudo aconteceu em uma época em que a MXR, que é dos Estados Unidos, começou a ser afetada pela concorrência asiática da Boss e da Ibanez. Então, em uma tentativa de baratear custos e "modernizar" a sua linha, a MXR resolveu lançar esta série, que apesar de manter uma boa qualidade de efeito, acabou se mostrando um erro, pois os pedais eram frágeis se comparados aos de caixinha de metal, e também romperam com a tradição da MXR. Assim que a Dunlop comprou a marca, eles trataram de voltar para o design clássico e as clássicas caixinhas de metal da MXR, e é esta a série que temos hoje, tá bom?
Uma coisa muito curiosa sobre este pedal é que, apesar de estar escrito OVERDRIVE na caixinha dele, e dele ser vendido como um pedal de overdrive, ele nada mais era do que uma versão um pouco mais brava do icônico MXR Distortion + (Distortion Plus), um pedal que marcou época e que, coincidentemente, foi o pedal que se tornou uma marca do timbre do Randy Rhoads, e eu já amava o Randy Rhoads nesta época, mas eu só vim a saber disto a alguns anos atrás, muitos anos depois, portanto, de eu já ter vendido ele, eu nunca soube disto, tá bom?
Outra coisa interessante sobre ele é um erro de "engenharia" que ele tinha. Como a MXR resolveu deixar ele mais "bravo", eles aumentaram o ganho de saída dele, porém como ele passou a atuar em high gain, isto impedia o uso dele com o controle de distorção no máximo, porque quando se colocava a distorção no máximo, ele ficava praticamente descontrolado, com muito feedback e ruído. Mas a ironia é que a regulagem clássica do Distortion + era justamente com o ganho no máximo.
Ele também apresentava uma propensão ao mau contato por ser de plástico, mas era um grande pedal, e durante muito tempo ele me acompanhou e fez a minha guitarra rugir como uma onça brava. Depois eu comprei um Boss Super Feedbacker Distortion, e passei a usar o MXR Overdrive como boost para solos.
Hoje em dia, eu me preocupo com vários aspectos em termos de aparelhagem.
Para mim, é fundamental que um bom pedal seja "true bypass". Eu preciso que o timbre natural da minha guitarra seja preservado, e eu preciso que as distorções sejam vivas, analógicas, orgânicas, fortes mas com alma quente, tá bom?
Também é muito importante a qualidade altíssima, a durabilidade do pedal, e em termos de distorção, eu procuro ter a melhor distorção que eu puder ter. Ter uma excelente distorção é algo fundamental para mim, eu acho que o timbre é construído a partir de estilo, mão, técnica, e a escolha certa e de bom senso da aparelhagem.
Eu não gosto de toneladas de efeitos, eu uso o que eu acho que é necessário para eu tocar a minha música, eu sou uma guitarrista que toca para a música, e não para pretender mostrar para os outros que eu sou "A Melhor"... isto não existe, música é alma, é sentimento, não é competição, tá bom?
E depois de tudo isto, eu voltei para a MXR... ironicamente eu também voltei para as cordas 011 rs... porque quando eu comecei a tocar, eu usava cordas 011, não por questão de escolha, é que no Brasil ou vc usava cordinhas 008, ou 011 naquela época. Não havia outras opções de cordas nacionais, e as importadas eram muitas vezes mais caras que as guitarras que haviam disponíveis, tá bom? =O
Então o meu caso de amor com a MXR é antigo.
Agora eu uso o excelente Super Badass Distortion, e já estou esperando mais um, o Custom Badass Modified O.D., que eu vou usar como boost para solos, como eu sempre fiz, tá bom? =)
Salam
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