segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Para não dizerem por aí que eu só falo das flores...


Daí eu fiz esta imagem e postei no meu facebook porque eu havia acabado de chegar em casa e sempre que eu saio de casa é uma aventura porque eu sou uma munaqaba que vive no Brasil, então sempre acontecem coisas interessantes comigo na rua e muitas vezes eu chego em casa e penso "Mashallah!! Que legal!!"... e eu queria escrever um pouco sobre isto mas eu sei que muitas vezes os textos não são lidos porque as pessoas cada vez mais perdem o hábito da leitura, o que é uma pena porque ler é sempre uma grande viagem de dentro para fora, tá bom?

Quando eu criei este blog, eu criei ele porque muitas vezes eu quero escrever e desenvolver textos e idéias cuja única ligação com o Islam é o fato de que eu sou uma mulher muçulmana, então são textos e posts que não cabem exatamente na proposta do meu blog FILHA DA ALVORADA que sim, é um blog islâmico. Ele pode conter muito da minha visão e vivência dentro do Islam, ele pode ser marcado por um tipo de olhar e sentir feminino dentro do Islam, mas em resumo é islâmico, sua proposta é esta e este é o tema do FILHA DA ALVORADA.

Então aqui eu posso falar de muitas coisas, e para não ficar falando só de música e guitarra, porque enfim eu sou muito mais do que apenas uma musicista, e uma guitarrista, vou falar um pouco disto: como é ser uma mulher de niqab vivendo no Brasil, em São Paulo para ser exata, tá bom?

No dia em que eu postei esta imagem no meu facebook, eu havia saído cedo de casa para fazer um monte de coisas, farmácia supermercado pagar contas comprar shampoo e condicionador (sim sim eu tenho cabelo como qualquer pessoa e os meus são beeeeeeeeem compridos e bem cuidados, tá bom? =D) e uma coisa interessante que acontece é que geralmente eu sempre frequento as mesmas lojas quando quero produtos que eu consumo constantemente, então como as pessoas me conhecem (porque eu sou faladeira e gosto de conversar), elas geralmente sabem o que eu vou querer.

Neste dia foi engraçado, entrei na farmácia e a balconista já me cumprimentou e já pegou o medicamento que eu queria, depois fui à perfumaria e uma funcionária já veio ao meu encontro com o meu shampoo e condicionador em mãos, já na cestinha e tudo, e assim por diante. Fico felizinha por isto porque trata-se de simpatia e atenção para comigo, aí saí da perfumaria e duas garotas me pararam para perguntar para mim de onde eu vinha, coisa que acontece com certa frequência porque muitas pessoas em um primeiro momento chegam a pensar que eu sou árabe ou algo assim, mas eu sempre explico com paciência. Logo em seguida, ganhei um saquinho de pipocas quentinhas e crocantes e fui para o supermercado onde mais pessoas falaram comigo, e finalmente fui para casa.

É interessante notar que sim há E MUITO preconceito no Brasil! O Brasil é um dos países mais preconceituosos que existe. Aqui há todos os tipos e qualidades de preconceito contra todos e contra tudo, só que o brasileiro não admite isto, e pratica o seu preconceito constante da pior e mais covarde forma possível: de forma velada... Uma especialidade do Brasil... (o que aliás é grande sinal de covardia)

E muitas irmãs que são minhas amigas sofrem preconceito sim.

Mas eu, que sou uma munaqaba, ao contrário, acabo atraindo as pessoas, e na realidade eu não sei bem porque isto acontece... eu tenho a teoria de que eu sou tão exótica, que acabo ultrapassando a linha do preconceito e me torno atração turística kkkkkkkkkkkkkkkk =D 

Também pode ser porque eu estou sempre felizinha e tranquila, e segura, e coerente, ou porque eu seja uma figurinha engraçada e simpática mesmo, não sei, mas só sei que apesar de poucas (e poucas mesmo!!) demonstrações de preconceito que já aconteceram comigo, a grande maioria das vezes é o contrário, as pessoas querem falar tirar fotos e ver e até tocar nas minhas roupas como se eu fosse uma ET maravilhosa, uma aparição hahahahaha =D...

Outra coisa muito interessante é que algumas pessoas chegam perto de mim com expressão triste, talvez imaginando encontrar uma mulher obrigada pelo marido machista e tirano a se cobrir daquela forma, talvez imaginando tratar-se de uma mulher que sofre opressão... mas aí começam a falar comigo e então eu falo algo engraçado e a pessoa abre um sorriso largo, e em poucos minutos está rindo das coisas engraçadas que eu falo e a conversa se torna leve, o que as leva geralmente a se sentirem tranquilas para fazer mais perguntas sobre minhas roupas, minha religião, e como eu vivo (e geralmente se eu não sinto calor, rs...)

Bem, voltando ao texto do começo, é realmente muito legal ser uma munaqaba, tá bom? É uma vivência muito rica, uma experiência de sociabilização muito interessante, sobretudo para alguém como eu que estudou psicologia! Eu me sinto muito felizinha e agradecida a Allah por ser uma munaqaba, não sei direito se é força de vontade, teimosia, se é a intensa necessidade de ser eu mesma, autêntica, que é uma das forças mais poderosas que me move na vida, não sei, não sei... mas sei que é uma coisa que eu faço questão de ter: COERÊNCIA, tá bom?

Então para não dizerem que eu falo só das mesmas flores, está aqui um texto sobre flores que ainda não foram descritas por aqui =)

Salam...

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