terça-feira, 28 de maio de 2013

E finalmente, uma nota importante - And finally, an important note



NOTA: Eu estou muito felizinha pela enorme repercussão que a matéria do G1 e do jornal Agora tiveram, e agradeço a todos pelas manifestações de carinho, e pelos elogios.

Houve claro como tudo em relação ao Islam, a já tradicional manifestação de "haters", e eu agradeço a estes também, eles vão ajudar o SPECTRUS a vender mais ainda, a aumentar "a lenda" em torno da banda, e com isto eu vou poder comprar mais comida fofa para as minhas filhas, e isto é que importa para mim, tá bom?

Mas, bem o fato é que nós na banda temos um contrato assinado com o nosso produtor, e ele ficou MUUUITO FURIOSO com o fato de eu ter dado entrevistas antes do CD da banda ser lançado. Ficou furioso mesmo, tanto que esfregou o contrato na nossa cara, e nele há uma cláusula que nos proíbe de aparecer antes do lançamento do CD e mais, prevê multa alta por quebra do contrato. 

E eu acho que ele está certo, então a partir de agora eu vou ficar quietinha sem dar entrevistas e participar de reportagens e eventos públicos até o lançamento do novo album do SPECTRUS, que deve acontecer em agosto ou setembro, tá bom?

Então, a partir de agora eu agradeço a todos os excelentes profissionais da imprensa mundial que estão me procurando, e me sinto honrada pelo interesse em me ouvir, mas peço um pouquinho de paciência porque eu só voltarei a dar entrevistas, por força de contrato, depois do lançamento do novo album do SPECTRUS.

Isto é bom, porque eu não aguento mais escrever apenas sobre eu mesma em meus blogs ;)

Salam...



NOTE: I am very happy for the huge response that the matter Portal G1 and Agora newspaper had, and I thank everyone for their expressions of affection, and the compliments.

There was, of course, like everything in relation to Islam, the traditional manifestation of "haters", and I thank them too, they will help Spectrus to sell more, increase "the legend" around the band, and with this I'll be able to buy more food for my daughters, and this is what matters to me, okay?

But, well the fact is that we in the band have a contract with our producer, and he was SOOOOO FURIOUS with the fact that I have given interviews before the band's new album is released. He was very angry, and this contract is a clause that forbids us to appear before the release of CD and more, provides high penalty for breach of contract.

And I think he is right, then from now I'll be quiet without giving interviews and reports and attend public events until the release of the new album of Spectrus, which should happen in August or September, okay?

So from now I thank all the great media professionals worldwide who are looking for me, and I feel honored by the interest to hear me, but I ask a little patience cause I just come back to give interviews, by virtue of this contract, after the release of the new album of Spectrus.

This is good, cause I can't stand just write about myself in my blogs;)

Salam ...

Algo Importante a ser dito - Something important to be said


Eu gostei desta foto publicada no G1, tá bom? =)

A Polka ficou linda =)

Neste momento em que o mundo inteiro quer falar comigo, eu quero deixar uma coisa muito bem explicada que é algo que talvez muitas pessoas ouçam de mim daqui para frente...

Não, eu não sou uma GUITARRISTA que "virou" MUÇULMANA.

Muito pelo contrário, eu sou mesmo é UMA MULHER MUÇULMANA.

Posso ser uma guitarrista... HOJE... mas serei para sempre UMA MUÇULMANA.

Então o correto é dizer: "Ela é uma MUÇULMANA, que por um acaso toca guitarra..."

Salam

I liked this photo published on the G1, okay? =)

The Polka was beautiful =)

At a time when the whole world wants to talk to me, I want to make something very well explained, and it's something that many people might listen to me going forward ...

No, I'm not a GUITAR PLAYER that "turned" MUSLIM.

Rather, I am, first and foremost, A MUSLIM WOMAN.

I can be a guitar player ... TODAY ... but will forever be A MUSLIM.

So, it is okay to say, "She is a MUSLIM WOMAN, and she also plays guitar ..."

Salam

sábado, 25 de maio de 2013

No Meio do Furacão - The Eye of the Hurricane

Sendo eu uma mulher muçulmana, munaqaba, ativista islâmica e feminista, e que ainda por cima é guitarrista de uma banda de heavy metal e toca com uma guitarra Flying V preta com bolinhas rosas, não é de se estranhar que as pessoas notassem a minha existência.

As I am a Muslim woman, munaqaba, Islamic activist and feminist, and moreover a guitar player in a heavy metal band that plays with a black with pink polka dots flying V guitar, it's not surprising that people would notice my existence .

Mas o grande problema é que isto aconteceu da noite para o dia, e de uma forma realmente grande, o que me deixou bastante assustada a princípio.

Na sexta-feira, dia 24 de maio, uma grande reportagem com entrevista e um vídeo onde eu apareço tocando foi publicada no Portal G1 da Rede Globo, e isto foi como uma grande tempestade porque a Rede Globo é grande, muito grande.

But the big problem is that this happened from one day to the other, and a really great way, which made ​​me quite scared at first.

On Friday, May 24, with a great story and a video interview where I appeared playing, was published in the Portal G1 of Rede Globo, and this was like a big storm cause Globo is big, very big.


De uma hora para outra, os meus telefones e mails dispararam e todo mundo estava tentando falar comigo.

No dia seguinte, outra reportagem com entrevista e fotos foi publicada no jornal Agora São Paulo, com direito a destaque com foto na capa do jornal, e matéria completa na página A8 do mesmo, e novamente a repercussão foi grande.

Seguem as fotos da matéria:

Suddenly, my phone and email shot and everyone was trying to talk to me.

The next day, another report with interview and photos was published in the newspaper Agora (Now) São Paulo, with the right to highlight a photo on the cover of the newspaper, and full story on page A8 of the same, and again the effect was great.

Here are some photos of the matter...





Novamente muita repercussão e retorno sobre a reportagem, o que me fez passar dois dias inteiros atendendo a telefones e respondendo a e-mails e pedidos de add no meu perfil no Facebook.

Bem, um dia isto iria acontecer, mas eu confesso que estou ainda perdida e assustada com tudo isto, este ano tem sido assim, um furacão sem fim... e eu estou bem no centro deste furacão, que está mudando para sempre a minha vida.

Eu acho que eu sou a Rainha dos Furacões, mas tudo bem, eu sou uma mulher muçulmana, e confio em Allah, e tudo o que acontece na minha vida, é determinado por Allah, o Único.

Again a lot of impact and return on the story, which made me spend two full days attending to telephones and answering e-mails and requests to add on my Facebook profile.

Well, one day this would happen, but I confess I'm still lost and frightened by all this. This year has been like an endless hurricane ... and I'm right in the middle of this hurricane, which is forever changing my life.

I think I'm the Queen of the Hurricanes, but okay, I'm a Muslim woman, and trust in Allah, and everything that happens in my life is determined by Allah, the One.

Bem, resumo da história até agola, tá bom? 

Eu estou felizinha porque estou conhecendo muitas pessoas que eu não conhecia, e quem está me conhecendo agora não sabe que eu sou a "Senhorita Tá Bom", porque eu falo muito tá bom, e que eu sou a Fofa, porque tudo para mim é fofo, e que na verdade eu sou uma mulher muito simples e tímida que não passa de uma criança muitas vezes, uma menina pequena e que gosta de conversar e ser feliz, só isto, não há mistério segredo ou nada, sou apenas o que eu sou, tá bom? 

Mas a princípio eu fiquei muito assustada com toda esta repercussão e precisei de uma noite inteira para dormir e me acalmar.

Well, the short story until now, okay?

I'm happy cause I know many people who I didn't know, and who's knowing me now don't know that I 'm the "Miss OK" cause I talk too much "ok", and that I'm the Fluffy, cause everything is fluffy to me . And I'm actually a pretty simple woman and shy, and that I am only a child im my heart, a little girl who likes to talk and be happy, there is no mystery secret or anything, I'm just who I am, okay?

But at first I was very scared about this whole rebound and needed a night to sleep and calm me down.

Allah sempre sabe mais, e Allah determina tudo na minha vida, e antes de qualquer coisa, até mesmo de ser uma guitarrista, eu sou uma muçulmana, e isto é o mais importante para mim, porque posso até parar de tocar um dia, mas vou ser muçulmana até o fim dos meus dias, tá bom?

Outro ponto positivo a se destacar, é que eu gostei do vídeo da matéria do G1. É engraçado mas eu mesma me surpreendi ao me ver tocando! Eu estou mesmo estudando religiosamente 6 horas por dia, todos os dias, e eu acho que estou tão concentrada em me desenvolver e aprender mais, que eu mesma não estou percebendo que agora eu começo a tocar de uma forma bem legal! Claro, isto é resultado de muita dedicação, concentração, suor, cansaço, dor, porque dói o ombro, as costas, as mãos... Isto é resultado de muito esforço, de objetivo claro, mas também de muito amor e paixão pelo que eu faço.

Allah always knows more and Allah determines everything in my life, and before anything, even being a guitarist, I am a Muslim woman, and this is the most important for me, cause I can stop playing one day, but I will be a Muslim woman until the end of my days, okay?

Another positive point to be noted is that I liked the video report from G1. It's funny but I myself was surprised to see me playing! I'm even religiously studying six hours a day, every day, and I think I'm so focused on developing myself and learn more, I myself didn't realize how much I'm playing better than before! Of course, this is the result of dedication, concentration, perspiration, tiredness, pain, cause it hurts shoulder, back, hands ... This is the result of much effort, the goal of course, but also a lot of love and passion for what I do.

Há também um lado ruim, para uma mulher tímida como eu: hoje eu saí para ir ao mercado e se antes as pessoas já olhavam de forma velada para mim, agora olham de forma marcante. E isto me assusta um pouco.

Mas eu tenho certeza de que todas estas entrevistas e reportagens vão ser importantes daqui para frente para o SPECTRUS, e isto é que é importante para mim porque eu não penso em mim sozinha, eu penso na banda.

Eu estou em certa evidência desde abril deste ano, o intenso e inesquecível mês de abril com manifestações do Femen, a minha resposta contrária a estas manifestações, depois a manifestação que nós mulheres muçulmanas fizemos no MASP e agora isto.

There is also a downside for a shy woman like me: today I went out to go to the market and before people have looked covertly at me, now look markedly. And that scares me a little.

But I'm sure that all these interviews and reports will be important going forward for Spectrus, and this is what is important to me cause I don't think of myself alone, I think in the band.

I'm on some evidence since April this year, the intense and unforgettable April with manifestations of Femen, my response to these protests, the demonstration that we Muslim women did and now this.

Peço a Allah que eu tenha força suficiente para continuar o meu caminho, mas principalmente para que eu nunca fique sozinha sem os meus amigos, e que eu possa ser sempre a mesma que eu sempre fui, tá bom?

Salam...

I pray to Allah that I have enough strength to continue my path, but mostly so that I would never be alone without my friends, and I can always be the same as I always was, "ok"?

Salam ...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

A conclusão das manifestações do mês de abril, ou o desenrolar dos fatos



Quando eu resolvi escrever este post eu não sabia que imagem colocar para ilustrar ele, então eu não encontrei nenhuma outra imagem mais apropriada do que este símbolo que representa hoje em dia o FEMINISMO ISLÂMICO, mas talvez eu fale de muitas coisas aqui.

E talvez eu volte a utilizar ele novamente em seguida, de acordo com o que eu penso e com a minha constante busca da coerência e transparência em minha vida e em meu comportamento.

Eu demorei muito tempo para escrever também este post porque estive quieta observando e assistindo ao desenrolar de tudo que aconteceu neste intenso e, ao menos para mim, inesquecível mês de abril de 2013.

Acho que vou começar fazendo um

RESUMO DOS ACONTECIMENTOS...

Tudo começou no dia 04 de abril de 2013. Neste dia, fui pega de surpresa ao receber a notícia de que a Mesquita do Brás estava sendo o palco de uma manifestação ofensiva praticada pelo grupo Femen Brasil e com a mesma surpresa eu constatei que a agressão era mundial, deflagrada pelo Femen Mundial através de sua sede na Ucrânia contra várias mesquitas ao redor do planeta.

Sentindo-me ofendida, ultrajada e desrespeitada, fui à luta e publiquei no mesmo dia a minha opinião em diversos lugares da internet: meus dois blogs, meus dois perfis no Facebook, diversas páginas feministas e a própria página do Femen Brasil.

Foi aí que eu descobri que muitas muçulmanas no mundo todo tomaram a mesma atitude, e isto deu origem a um movimento mundial intitulado Muslim Women Against Femen. Uma página oficial do movimento foi aberta no Facebook e esta página cresceu de forma impressionante. Ao mesmo tempo, depois de expressar a minha opinião de forma clara na página do grupo aqui no Brasil, eu fui expulsa e bloqueada da página delas enquanto outras irmãs começavam a mesma campanha que eu estava promovendo.

Como resultado disto, aconteceu a nossa manifestação em resposta no dia 20 de abril, e o resultado foi muito além de nossas expectativas, pois a imprensa noticiou a manifestação e eu mesma acabei dando muitas entrevistas, o que nos proporcionou a possibilidade de falarmos, como sempre fizemos, e finalmente sermos ouvidas.

OS FRUTOS DO MÊS DE ABRIL DE 2013...

Eu espero e peço a Allah que o mês de abril de 2013 não seja inesquecível apenas para mim, e que seja de fato um marco.

Porque a partir dos acontecimentos deste mês, muitas coisas aconteceram. Acho que a primeira coisa digna de nota é que de repente, como reação à agressão promovida pelo Femen, todas as mulheres muçulmanas começaram a expressar a sua opinião e eu constatei com grata surpresa que milhares de muçulmanas que nunca se conheceram antes estavam se expressando de uma maneira equivalente, e talvez isto tenha pego a opinião pública de surpresa. Uma opinião pública invariavelmente dominada e direcionada para um só tipo de pensamento errado e estereotipado sobre nós, que até então não havia percebido que estava sendo enganada, eu percebo que isto deixou muitas pessoas aqui no Brasil e ao redor do mundo sem saber o que fazer, e isto foi bom, porque na verdade nós mulheres muçulmanas estamos falando a muito tempo sem sermos ouvidas.

O segundo resultado digno de nota é a união e o poder de mobilização que surgiu a partir deste fato. Digno de nota também é o recado claro que passamos para todos: NINGUÉM FALA POR NÓS! NÓS MULHERES MUÇULMANAS FALAMOS POR NÓS! E NINGUÉM TEM O DIREITO DE DESQUALIFICAR A NOSSA PRÓPRIA VOZ E NOS OPRIMIR FALANDO EM NOSSO NOME À FORÇA, que é o que vem acontecendo a muito tempo como resultado do estereótipo canalha mentiroso e tendencioso divulgado em especial pela mídia do ocidente que encontra muita utilidade em seus propósitos ao nos vitimizar como vampiros exibindo as suas vítimas.

Espero que esta lição, para todos e para nós mulheres muçulmanas, não seja esquecida, e que esta força não se dissipe e seja perdida, este foi o momento de exigirmos RESPEITO, e eu penso que até agora temos aproveitado muito bem, e quem ainda não entendeu, me desculpe mas é por egoísmo (ou seja, precisa que desempenhemos um papel marcado em suas próprias crenças), ou por pura ignorância e falta de capacidade de reflexão e cognição.

Digno de nota também é o fato de que isto me aproximou de coletivos e ativistas feministas no Brasil, e com isto eu tive a oportunidade de começar a contribuir para algo que era necessário e desejado por nós a muito tempo: a construção de uma ponte entre o feminismo global e nós mulheres muçulmanas. Eu fiz, e estou fazendo a minha parte, solidificando este diálogo em nome da união e da construção de um ativismo verdadeiramente pro-ativo entre nós mulheres, porque precisamos disto, porque é preciso que haja a construção do conhecimento para que exista a união e o fortalecimento, porque ao longo do tempo eu tenho visto o feminismo falhar de forma assustadoramente gigantesca em relação a nós mulheres muçulmanas simplesmente pela total falta de conhecimento sobre o Islam, e sobre nós.

Enquanto isto...

Uma verdadeira crise se instalava no Femen, não só a nível mundial mas em especial entre a filial brasileira e a sede Ucraniana.

Do lado de cá, diante de nossa reação e mobilização, e através também do diálogo com algumas pessoas que acabaram tendo contato pessoal com os dois lados da contenda, no dia 16 de abril o Femen Brasil divulgou uma carta aberta pedindo desculpas a nós pela manifestação do dia 04.

Diz a carta:


O FEMEN Brazil quer se desculpar à todos aqueles que se ofenderam com nossa ação em frente a Mesquita do Brás, no dia 4 de Abril.

Nós estamos trabalhando na melhor forma de passar uma mensagem clara e simples para nossa população e reconhecemos que esta, infelizmente falhou. 

Nossa intenção não era ridicularizar e nem satirizar uma crença, mas sim, pedir a liberdade e independência de uma de nossas ativistas que reside na Tunísia.

Amina, 19, desapareceu alguns dias após postar uma foto sua de topless nas redes sociais, para apoiar o FEMEN Internacional na sua luta contra as atrocidades cometidas por extremistas religiosas contra as mulheres no mundo islâmico.

Vários boatos foram espalhados após o desaparecimento de Amina, inclusive o de uma suposta condenação de morte ou de chibatadas nas costas. Ainda sim, nós sentimos uma grande falta de transparência em toda essa história, e como um movimento sério, não podemos nos basear em rumores para tomadas de decisão, e admitimos, com honestidade nosso erro.

Abandonamos a causa "Free Amina", pois não conseguimos contato com a ativista, familiares ou amigos para receber informações verdadeiras.

Nós, do FEMEN Brazil respeitamos o direito e a escolha de cada mulher de usar o que bem entender como vestimenta e de cultuar sua própria religião.

Entendemos que o feminismo deve respeitar a escolha das mulheres assim como a pluralidade religiosa.


No dia 19 de abril de 2013,  o mesmo grupo divulgou mais um comunicado no qual noticiava a sua desvinculação do Femen Ucrânia. NOTEM BEM, isto foi veiculado na página do grupo no dia 19 de abril, portanto a mais de 01 MÊS atrás.


O FEMEN Brazil não se responsabiliza mais por protestos, ações, manifestos, publicações, falas e decisões feitos e tomadas pelo FEMEN Internacional.
Isso significa que toda e qualquer decisão tomada por qualquer escritório do FEMEN que não seja brasileiro, não compete a nós, do FEMEN Brazil a responsabilidade.
Nós do FEMEN Brazil, somos totalmente independentes do FEMEN Internacional com relações a tomadas de decisão de protesto, ideias,inclusive financeiramente. O FEMEN Brazil não recebe dinheiro do FEMEN Internacional, assim como nenhuma ativista ou organizador, até mesmo a fundadora do movimento no Brasil, Sara Winter, não se beneficia mais da ajuda de custo mensal.
Por enquanto o FEMEN Brazil é um movimento auto financiado com vendas de camisetas e coroas de flores, assim como uma colaboração mensal e simbólica dos membros que podem escolher entre 10 e 20 reais para doação.
Nós do FEMEN Brazil acreditamos na ideologia do Sextremismo e do Neo feminismo. Acreditamos que essa seja a melhor maneira de fazer com que as pessoas simples entendam as ideias do feminismo e se acostumem e aceitem através do choque, surpresa, as ideias que propomos através dos conceitos escritos em nosso corpo, de liberdade, empoderamento e independência. Todavia, descordamos de algumas atitudes tomadas pelo FEMEN Internacional nos últimos tempos e por isso, tomamos a decisão de esclarecer que nosso território é a America Latina, assim como nossa responsabilidade são os problemas aqui locais.

A partir desta data, nós do FEMEN Brazil, apenas realizaremos protestos coletivos com os outros escritórios, se realmente acreditarmos na causa e nas circunstâncias das situações promovidas.

Para questionamentos sobre decisões de outros escritórios, nós sugerimos que vocês os direcione ao respectivo país: FEMEN France, FEMEN Germany, FEMEN Ukraine, tem suas próprias representantes, demais páginas podem ser direcionadas para o FEMEN Ukraine.


E finalmente, no dia 21 de maio, o Femen Brasil divulgou uma nota comunicando o encerramento do grupo com o nome de Femen, diz o comunicado:


Como um grupo, decidimos permanecer unidos após os últimos acontecimentos.

Entendemos que nossas ideologias são muito diferentes do grupo ucraniano, mas iguais entre nós, do Brasil. Não tínhamos ideia sobre o que realmente acontecia "por trás da cortina". 

Acreditávamos que o Femen era um movimento do bem. Um movimento que poderia crescer no feminismo, que poderia melhorar com a nossa ajuda. Todos nós pensávamos que, além do marketing, o Femen tratava-se de um movimento feminista, que levava igualdade para os quatro cantos do mundo. Até porque foi nessa honestidade que a gente trabalhou aqui no Brasil. Em hipótese alguma usamos métodos que segregassem pessoas, sejam como elas fossem! Azuis, marrons, laranjas, triangulares ou quadradas... nunca houve classificação de pessoas por nós do Brasil. 

Entendemos e apoiamos as ações da ativista Sara Winter. Compreendemos que os erros foram cometidos na esperança de fazer o certo. Na esperança de poder cumprir com seu trabalho social. Afirmamos que Sara Winter nunca agiu de má fé. Sara Winter nunca usou sua influência ou apelos para conseguir dinheiro de nós. Todos os protestos foram realizados, se não com ajuda do Femen, com a nossa própria ajuda, pois acreditávamos na causa. Nunca nenhum dinheiro destinado ao ativismo foi desviado para fins pessoais. Nossas decisões eram tomadas horizontalmente por todos os membros da equipe, ativistas e colaboradores por meio de votação e opinião.

Enxergamos somente agora que o movimento Femen trata-se de uma empresa que quando percebe que seus lucros estão ameaçados, não vê problemas em cortar quem atrapalha. 
Nós do Brasil, não compartilhamos as mesmas ideias segregatórias do Femen. Entendemos cada ser humano como único e especial e aceitamos todas as diferenças. E, por não querer nos aliar a outro ditador (tudo o que a gente sempre lutou contra), dizemos que NÃO IREMOS REPRESENTAR O FEMEN NO BRASIL! 

O Femen pretende reinstalar-se no país e seguir com seu trabalho. Podemos afirmar que elas desejam os holofotes da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Não há preocupação da parte do Femen por questões sociais ou em conhecer nossa cultura, nosso povo e nossos problemas e nem mesmo respeitá-los individualmente.

Dizemos também que lutaremos contra o Femen! E vamos resistir. Não queremos um falso movimento feminista, controlado por ditadoras no nosso país.

Nós queremos nos desculpar com todos os coletivos feministas, movimentos sociais e pessoas que ofendemos com nossas ações, protestos e equívocos. Nossa intenção realmente era poder espalhar de maneira universal e local as ideias do feminismo através do compartilhamento de informação em assa que a mídia produz. 

Também repudiamos o Femen por descreditarem todo o esforço das ativistas brasileiras. Todos nós entramos de cabeça nessa ideia com as melhores intenções e demos nosso máximo pelo movimento e sua propagação. Corremos grandes riscos para poder espalhar as ideias do Femen no Brasil, perdemos grandes oportunidades de futuro por conta da ficha criminal, entre outras coisas, logo gostaríamos de salientar aqui que nossa intenção foi pura e verdadeira de lutar por uma causa.

Pretendemos criar um novo movimento. Um movimento focado em pessoas. Um movimento horizontal, transparente e verdadeiro, que acolha e respeite as diferenças. Se, outrora não tínhamos autonomia para tomar decisões, hoje temos e damos o nosso grito de independência! Declaramos guerra contra qualquer coletivo ou movimento que prejudique ou engane pessoas.

Nós nos desculpamos com todos aqueles que acreditaram em nós e gostaríamos de pedir para que não desacreditem. Nossas intenções são as melhores, são de luta e de mudanças sociais.
O conteúdo desta página será totalmente excluído em 48 horas e a página será desativada temporariamente até que um novo movimento surja de maneira coerente, honesta e justa.

Obriagadx à todos, seguimos firme, fortes e juntxs!

Assinam essa carta: Amanda ReginART, Bruno Liziero, Claudio Magu, Sara Winter, Ana Clara Rodrigues, Verônica Cavatti, Anna Steel, Rarhy Joyce, Caroline Durans.

21 de maio de 2012


E agora, eu vou fazer algo que quem me conhece, ou ao menos já percebeu como eu me comporto, vai entender, mas quem não se atentou para isto vai pensar que estou sendo contraditória...

FINALMENTE EU VENHO AQUI NESTE POST PARA SAIR EM DEFESA DESTE GRUPO!

Como assim? Sim, venho aqui defender este grupo que foi o Femen Brasil!

Não, eu não mudei de idéia quanto ao Femen. Pessoalmente acho o Femen hipócrita, preconceituoso, islamofóbico, racista, uma expressão condensada de tudo de pior que pode existir em um ser humano, o resultado atual de todas as ideologias de exclusão, de todas as idéias etnocentristas e intolerantes, de tudo de ruim que já aconteceu na história moderna. Acho também o Femen obscuro, com financiamentos obscuros, e com intenções marcadas.

Eu não mudei, mas este grupo aqui no Brasil mudou. Mudou sim, porque talvez estejam agora construindo um verdadeiro conhecimento que antes não possuiam, porque assumiram os seus erros e é preciso CORAGEM para isto, porque souberam admitir que erraram.

A partir do momento em que o Femen Brasil anunciou a sua desvinculação do Femen Ucrânia, conforme escrevi no meu perfil pessoal no Facebook, uma chuva de aplausos e vaias caiu sobre o grupo como tempestade.

Eu, que as combati de frente, contestei o ato de agressão à Mesquita do Brás em conjunto com a agressão a mesquitas do mundo todo, e que desde então acompanho o desenrolar dos fatos, agora escrevo EM DEFESA DAS MENINAS E DOS INTEGRANTES DESTE GRUPO!

Porque humildemente procuro sempre pela JUSTIÇA, pela VERDADE, pela COMPREENSÃO, e pelo acolhimento a todos!!!

É MENTIRA que o Femen Brasil rompeu só agora com o Femen Ucrânia. Conforme reproduzi acima, a carta do Femen Brasil comunicando este rompimento data de 19 DE ABRIL DE 2013, portanto mais de um mês antes do Femen Ucrânia reagir publicamente.

É MENTIRA que o Femen Brazil fez isto só agora como reação ao rompimento anunciado pelo Femen Ucrânia. AO CONTRÁRIO, O COMUNICADO DO FEMEN UCRÂNIA é que foi uma reação ao comunicado bem anterior do Femen Brazil.

Se o grupo reconheceu o erro cometido com a agressão à Mesquita do Brás, e reconheceu que errou ao opinar e agir sem conhecer de fato o Islam e nós MULHERES MUÇULMANAS, a atitude deles merece nada mais do que APLAUSOS, ACOLHIMENTO E COMPREENSÃO.

JUSTIÇA é algo que só existe QUANDO EXISTE PARA TODOS SEM DISTINÇÃO.

E todo ser humano ou grupo tem o direito À CONTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E À MUDANÇA DE COMPORTAMENTO E PENSAMENTO DECORRENTE DISTO!

Todos mudam, e isto é natural e digno de compreensão e acolhimento.

O reconhecimento do erro e a busca pela mudança para melhor é um ato de CORAGEM, e a prática da VERDADE, e merece apoio, compreensão e elogios, não críticas.

E finalmente, eu não estou aqui para BRIGAR, para ser IRRACIONAL, para ser RADICAL.

Eu respondi à altura com críticas duras e contundentes contra a atitude do grupo, e reafirmo todas as minhas críticas, porque nós mulheres muçulmanas fomos AGREDIDAS, OFENDIDAS E DIMINUÍDAS pela agressão do ato.

Mas, acima de tudo, eu sempre procurei e sempre vou procurar o DIÁLOGO, e a UNIÃO. Se o grupo ENTENDEU que errou, e errou feio mesmo, e com isto se desenvolveu no sentido de não repetir o erro e construir algo novo, então não tenho mais críticas novas além das que já fiz, e defendo sim!

Esta é a minha opinião... e eu tenho certeza de que acima de tudo, estou agindo de forma correta dentro do meu modo de vida, O ISLAM, tá bom?

Porque antes de qualquer coisa na minha vida, eu sou uma muçulmana...

Salam

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Feminismo Islâmico


"O feminismo islâmico surge a partir de várias constatações, uma delas é a constatação de que o feminismo etnocentrista é também uma forma de opressão já que não sabe lidar com a diversidade humana, e que ser contra a diversidade humana é também uma forma de opressão.


O feminismo islâmico surge mostrando que toda forma de opressão é condenável, inclusive aquela que afirma que toda forma de religião é opressão, porque isto é impor um modelo uniformizado sobre uma humanidade que é extremamente diferente entre si, e ao mesmo tempo igual em valor.



Neste sentido, fazemos esforços para conseguir dialogar com o feminismo global, e nos unir a todos, mas isto significa construir o conhecimento e a consciência para este diálogo.



Dentro de nossa realidade, constatamos que não sofremos opressão de nossa religião, porque infelizmente a opressão e violência é uma epidemia mundial.


 Defendemos como causa comum, o empoderamento de todas as mulheres, o combate à misoginia, e à violência, e como causa particular, o fim da deturpação do Islam, o fim da leitura machista do Alcorão, e a volta do Islam original como foi determinado por Allah, que afirma no Alcorão que todos são iguais perante Allah e perante a lei."
Gisele Marie, em entrevista para a página Feministas do Brasil no Facebook